Quem nasce pra aventura não toma outro rumo – obras do Acervo Videobrasil
No dia 9 de outubro, às 19h, Quem nasce pra aventura não toma outro rumo – obras do Acervo Videobrasil tem abertura no Paço das Artes, instituição da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. A entrada é gratuita. A exposição paralela ao 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Panoramas do Sul – que acontece no Sesc Pompeia e no Galpão VB de 6 de outubro a 6 de dezembro de 2015 – reúne quinze obras do Acervo Videobrasil selecionadas pelo curador Diego Matos, coordenador de arquivo e pesquisa da Associação Cultural Videobrasil. Trabalhos de artistas-chave do vídeo nacional, como Cao Guimarães, Carlos Nader, Cristiano Lenhardt (que participa do 19º Festival com um projeto comissionado), João Moreira Salles, Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, criam relações com as obras do peruano Gabriel Acevedo, da israelense Nurit Sharett (que integrou a mais recente edição da Bienal de São Paulo) e do argelino Malek Bensmaïl, entre outros. A exposição segue em cartaz até 10 de janeiro de 2016.
Quem nasce pra aventura não toma outro rumo – obras do Acervo Videobrasil aprofunda indiretamente as reflexões da 19ª edição do Festival, que coloca o Sul global e suas múltiplas questões no centro de toda a sua programação. Para Solange Farkas, diretora do Videobrasil e curadora geral do Festival, exposições como essa “promovem a constante atualização das obras do Acervo Videobrasil, colocando-as em contato com o público e à disposição de novos recortes críticos. Essas novas perspectivas ajudam a confirmar a relevância dessas produções dentro do cenário artístico atual”. Hoje com mais de 1.300 obras catalogadas, o Acervo Videobrasil tem nos projetos expositivos a partir da imersão de curadores uma de suas principais estratégias de ativação e recontextualização.
A mostra é fruto de uma parceria iniciada em 2001, no 13º Festival, quando obras do Acervo Videobrasil foram exibidas pela primeira vez no Paço das Artes. “O novo encontro entre as instituições amplia as discussões dos últimos catorze anos de parceria ao tocar em pontos fundamentais para o Paço das Artes: as referências geopolíticas a partir da arte e a questão do acervo e da memória da arte contemporânea. Destacar a produção artística de países do Sul global também tem sido um de nossos pilares de atuação”, declara Priscila Arantes, diretora artística e curadora do Paço das Artes.
Diego Matos explica que o título da exposição é emprestado da fala da artista Lygia Pape, proferida quando entrevistava o intelectual e crítico de arte Mário Pedrosa para O Pasquim em 1981. “Em um momento de crise, de um trauma já consolidado na sociedade brasileira e o fim das esperanças frustradas pelo regime militar, Pedrosa renovava a crença no papel do artista e do intelectual público, bem como na relação inerente entre arte e política”, revela o curador da mostra. No mesmo período, o vídeo se popularizava e se tornava crescentemente acessível no país. “A arte naquele momento histórico e no ambiente brasileiro parecia também resgatar o seu caráter de resistência de maneira mais imediata – e o vídeo teria então esse papel fundamental”, completa.
Ao tomar a produção nacional como ponto de partida e levá-la ao encontro de obras vindas de seis países, datadas de 1978 a 2012, a curadoria torna evidentes as “histórias que se entrecruzam e refletem o campo irrestrito da arte”. A exposição tem três conjuntos agregadores, definidos pelas aproximações entre as obras participantes: Afeições, tempos e estradas; Democracia, documento e ficção; e Fala, escuta e dissenso.
No primeiro dos conjuntos, o epicentro da exposição, vídeos dos brasileiros Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, Marcellvs L., e Cao Guimarães e da israelense Nurit Sharett apresentam suas percepções pessoais de tempos e espaços afetivos. O segundo núcleo possibilita um mergulho no passado político-econômico de países como Brasil (na obra de Geraldo Anhaia Mello), Chile (sob a ótica de Cláudia Aravena) e Argélia (segundo o artista Malek Bensmaïl), bem como no futuro tenebroso imaginado pelo Otolith Group (Reino Unido). Já o terceiro se apoia no assombro que é resultado das divergências — a falha na comunicação ou a impossibilidade do consenso. São levantados assuntos tratados de forma mais ou menos velada, como o racismo (por Carlos Nader) e a homofobia (nas obras de Rita Moreira e do zambiano Clive van den Berg). O espaço de fala restituída é oferecido a anônimos no trabalho de Sandra Kogut.
Quatro obras integram espacialmente esses conjuntos: são os trabalhos dos brasileiros Cristiano Lenhardt e João Moreira Salles, e do peruano Gabriel Acevedo as pontuações que propõem relações sobrepostas entre os núcleos e obras que compõem a exposição. A expografia, assinada pela arquiteta Claudia Afonso, prioriza a movimentação contínua, circular e integrada do público. O trânsito continuado pelo espaço expositivo leva em consideração também a peculiaridade arquitetônica do Paço das Artes.
Atividades de Programas Públicos do 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Panoramas do Sul compõem a programação da exposição Quem nasce pra aventura não toma outro rumo – obras do Acervo Videobrasil. Dois roteiros temáticos de visitas guiadas, mediadas pelo curador Diego Matos, acontecem no espaço: O Roteiro 1: Brasil, São Paulo – um lugar para a partida acontece no dia 14 de novembro de 2015 (sábado), às 16h. Tomando como base a noção simbólica do ponto de partida geográfico — São Paulo, onde a mostra é realizada e o Videobrasil teve início —, o roteiro explora as narrativas que permeiam a exposição, desconstruindo a ideia de lugar e distorcendo a relação espaço-temporal.
O Roteiro 2: O vídeo na arena política da arte é realizado em 9 de janeiro de 2016 (sábado), às 16h. Essa visita mediada torna visível a prática artística como ação política não por um viés panfletário (ou não apenas por isso), mas a partir de condicionantes como exclusão-inclusão, origem física, social ou étnica, dentre outras possibilidades de definição, posicionando “o sujeito dentro da arena política, lugar de conflito por excelência”, define o curador. As inscrições são gratuitas, realizadas por e-mail ([email protected]) ou telefone (11 3814 4832). Ações de mediação coordenadas pela equipe do educativo do Paço das Artes acontecem até o término da exposição.
Durante o período de visitação, o Paço das Artes abriga ainda a Zona de Reflexão, que disponibiliza computadores com acesso a plataformas digitais do Videobrasil, como a Videoteca (com cerca de 1.300 obras do Acervo Videobrasil); o Canal VB, que reúne a produção audiovisual do Videobrasil, incluindo novos vídeos que aprofundam os temas da curadoria e da programação do 19º Festival, com depoimentos de artistas, curadores e convidados; a PLATAFORMA:VB, que dá voz aos artistas por meio de entrevistas, trazendo referências e conexões que embasam suas pesquisas e obras, acessível também por meio de QR codes instalados ao lado das obras expostas; e as publicações impressas editadas pela parceria Videobrasil e Edições Sesc São Paulo (a exemplo dos catálogos das edições anteriores do Festival).
Quem nasce pra aventura não toma outro rumo – obras do Acervo Videobrasil
exposição paralela do 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Panoramas do Sul
abertura: 9 de outubro de 2015 (sexta-feira), às 19h
visitação: de 10 de outubro de 2015 a 10 de janeiro de 2016
(quarta a sexta: das 10h às 19h; sábados, domingos e feriados: das 11h às 18h)
grátis
Roteiros de visitas mediadas pelo curador Diego Matos
Roteiro 1: Brasil, São Paulo – um lugar para a partida
14 de novembro de 2015 (sábado), às 16h
Roteiro 2: O vídeo na arena política da arte
9 de janeiro de 2016 (sábado), às 16h
Inscrições por e-mail ([email protected]) ou telefone (11 3814 4832)
Agendamento de visitas orientadas: [email protected]
Paço das Artes | Av. Universidade, 1, São Paulo, Brasil
www.pacodasartes.org.br